quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

É possível que o Vaticano tenha chegado a esse ponto?




 Antonio Socci

Como muitos já perceberam, eu não posso ser contado entre os fãs do Papa Bergoglio, no entanto, por uma esperança incurável, nunca desisto de esperar que qualquer surpresa agradável desminta minha opinião negativa. Até agora continuo pontualmente decepcionado.


Sábado de manhã, argumentando com os amigos, eu dizia, se não por causa da paternidade, se não por causa dos ideais em comum, ou quem sabe pela esperteza política (que em Bergoglio nunca falha), eu esperava que o papa pelo menos desse um sinal.
No fundo, para esse povo composto por pessoas boas e corajosas bastaria apenas uma pequena mensagem e eles o teriam elogiado e enchido de aplausos filiais.
E de pensar que Bergoglio chegou a discursar para o Centro Social Leoncavallo e abençoou aqueles ativistas políticos, instando-os a continuar a luta! Pensei, então, que ele poderia dirigir pelo menos um cumprimento ou uma bênção para o povo do Dia da Família, que basicamente seria o seu povo católico.

Digo,  não falar diretamente, em pessoa, como fez com os centros sociais, mas pelo menos duas linhas de saudação por escrito. Se por nenhuma outra razão, pelo menos para não deixar transparecer com tanta evidência uma eventual hostilidade, o que seria objetivamente constrangedor e vergonhoso.

Nada a fazer. No dia 30 de janeiro, o Osservatore Romano saiu sem ter na primeira página sequer uma linha mencionando o dia da família.

Pela parte da manhã, Bergoglio fez a audiência do jubileu, sem o menor aceno àquele imenso povo cristão que estava se reunindo no Circo Massimo.

Nem um bilhete com saudações escritas e, durante o evento, nem sequer um daqueles seus telefonemas que normalmente faz ao amigo Scalfari e até mesmo Pannella.

Nos perguntamos entre amigos: é possível que um papa tenha essa hostilidade toda pelas famílias católicas, que com tantos sacrifícios testemunham a verdade, a ponto de nem sequer conseguir disfarçar?

Talvez ele esteja ressentido pelo fato de que a Igreja italiana – que ele vem tratando durante os três últimos anos com desdém – manifeste esta grande vivacidade popular que seguramente não têm as igrejas que aplicam as suas teorias. Será que ele está com raiva porque um tal Dia da Família pulveriza todo aquele seu discurso de censura à Igreja italiana, realizado em Florença?

Mas, será possível que ele não consiga sequer dissimular o rancor pelos filhos fiéis que frequentemente dão provas de verdadeiro heroísmo na vida cotidiana e não esperam mais nada dele, do que a paternidade?

Será possível que sinta um mal-estar pessoal por um evento que João Paulo II e Bento XVI teriam coberto de louvores e bênçãos? Como podemos explicar tal comportamento? Por que ele é tão frio e hostil?

Confesso que – embora tenha manifestado antes muitas críticas à obra de Bergoglio – jamais cheguei ao ponto de temer que ele poderia ter essa hostilidade toda por nós católicos, sempre fiéis ao Magistério da Igreja.

Digo isso com a dor e inquietação. Mas este sentimento preciso me sobreveio quando chegou ao meu conhecimento um fato que até agora muitos desconheciam e que, infelizmente, nos permite compreender muitas coisas.

Como vocês sabem, na Basílica de São Pedro, toda manhã, são celebradas diversas missas que muitos grupos reservam com antecedência. Assim, nos dias que precederam o evento, um grupo de pessoas que estava vindo para o Dia da Família tinha reservado uma Missa às 7h no sábado de manhã. Tudo bem, tudo normal, como sempre.
Mas, no último instante, veio uma comunicação desconcertante: todas as missas estavam canceladas.

O pedido insistente de esclarecimento ao final foi respondido – segundo o que me referiram –: o motivo era que àqueles que iriam participar no “Dia da Família” não foi considerado oportuno permitir celebrar a missa…

Chegamos então a esse ponto. Acho que qualquer comentário é desnecessário. Este seria o Vaticano de hoje? Onde está a paternidade? Que tipo de pai Católico é esse que para punir os filhos (réus de viver sua fé com coragem e generosidade) chega a privá-los da Santa Missa?

Como é possível chegar ao ponto de consumar vinganças tão tolas e mesquinhas? Então seria esta a era da “misericórdia”? 

Há algo urgente a fazer: orar por aqueles que hoje deveriam fazer as vezes de pastores do rebanho, por aqueles que deveriam ser “pastores”… Rezar hoje mais do que nunca. Realmente, rezar com todo o coração por nossa pobre Igreja.


31/01/2016

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