Antonio Socci
Como muitos já perceberam, eu não posso ser contado entre os
fãs do Papa Bergoglio, no entanto, por uma esperança incurável, nunca desisto
de esperar que qualquer surpresa agradável desminta minha opinião negativa. Até
agora continuo pontualmente decepcionado.
Sábado de manhã, argumentando com os amigos, eu dizia, se
não por causa da paternidade, se não por causa dos ideais em comum, ou quem
sabe pela esperteza política (que em Bergoglio nunca falha), eu esperava que o
papa pelo menos desse um sinal.
No fundo, para esse povo composto por pessoas boas e
corajosas bastaria apenas uma pequena mensagem e eles o teriam elogiado e
enchido de aplausos filiais.
E de pensar que Bergoglio chegou a discursar para o Centro
Social Leoncavallo e abençoou aqueles ativistas políticos, instando-os a
continuar a luta! Pensei, então, que ele poderia dirigir pelo menos um
cumprimento ou uma bênção para o povo do Dia da Família, que basicamente seria
o seu povo católico.
Digo, não falar
diretamente, em pessoa, como fez com os centros sociais, mas pelo menos duas
linhas de saudação por escrito. Se por nenhuma outra razão, pelo menos para não
deixar transparecer com tanta evidência uma eventual hostilidade, o que seria
objetivamente constrangedor e vergonhoso.
Nada a fazer. No dia 30 de janeiro, o Osservatore Romano
saiu sem ter na primeira página sequer uma linha mencionando o dia da família.
Pela parte da manhã, Bergoglio fez a audiência do jubileu,
sem o menor aceno àquele imenso povo cristão que estava se reunindo no Circo
Massimo.
Nem um bilhete com saudações escritas e, durante o evento,
nem sequer um daqueles seus telefonemas que normalmente faz ao amigo Scalfari e
até mesmo Pannella.
Nos perguntamos entre amigos: é possível que um papa tenha
essa hostilidade toda pelas famílias católicas, que com tantos sacrifícios
testemunham a verdade, a ponto de nem sequer conseguir disfarçar?
Talvez ele esteja ressentido pelo fato de que a Igreja italiana
– que ele vem tratando durante os três últimos anos com desdém – manifeste esta
grande vivacidade popular que seguramente não têm as igrejas que aplicam as
suas teorias. Será que ele está com raiva porque um tal Dia da Família
pulveriza todo aquele seu discurso de censura à Igreja italiana, realizado em
Florença?
Mas, será possível que ele não consiga sequer dissimular o
rancor pelos filhos fiéis que frequentemente dão provas de verdadeiro heroísmo
na vida cotidiana e não esperam mais nada dele, do que a paternidade?
Será possível que sinta um mal-estar pessoal por um evento
que João Paulo II e Bento XVI teriam coberto de louvores e bênçãos? Como
podemos explicar tal comportamento? Por que ele é tão frio e hostil?
Confesso que – embora tenha manifestado antes muitas
críticas à obra de Bergoglio – jamais cheguei ao ponto de temer que ele poderia
ter essa hostilidade toda por nós católicos, sempre fiéis ao Magistério da
Igreja.
Digo isso com a dor e inquietação. Mas este sentimento
preciso me sobreveio quando chegou ao meu conhecimento um fato que até agora
muitos desconheciam e que, infelizmente, nos permite compreender muitas coisas.
Como vocês sabem, na Basílica de São Pedro, toda manhã, são
celebradas diversas missas que muitos grupos reservam com antecedência. Assim,
nos dias que precederam o evento, um grupo de pessoas que estava vindo para o
Dia da Família tinha reservado uma Missa às 7h no sábado de manhã. Tudo bem,
tudo normal, como sempre.
Mas, no último instante, veio uma comunicação desconcertante:
todas as missas estavam canceladas.
O pedido insistente de esclarecimento ao final foi
respondido – segundo o que me referiram –: o motivo era que àqueles que iriam
participar no “Dia da Família” não foi considerado oportuno permitir celebrar a
missa…
Chegamos então a esse ponto. Acho que qualquer comentário é
desnecessário. Este seria o Vaticano de hoje? Onde está a paternidade? Que tipo
de pai Católico é esse que para punir os filhos (réus de viver sua fé com
coragem e generosidade) chega a privá-los da Santa Missa?
Como é possível chegar ao ponto de consumar vinganças tão
tolas e mesquinhas? Então seria esta a era da “misericórdia”?
Há algo urgente a fazer: orar por aqueles que hoje deveriam
fazer as vezes de pastores do rebanho, por aqueles que deveriam ser “pastores”…
Rezar hoje mais do que nunca. Realmente, rezar com todo o coração por nossa
pobre Igreja.
31/01/2016
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