Padre Inácio José do Vale
Vivemos a era terrível dos
três “CCC”: “complicado”, “conturbado” e
“contraditório” que gera uma profunda crise e uma perplexidade sem soluções. Vivemos
o tempo do apagão intelectual e do terrorismo das ideologias estúpidas. Um
capitalismo mortífero e uma Teologia da Prosperidade que faz triunfar em
fortunas seus líderes religiosos. Vivemos a desconstrução do bom senso e do bem
comum. Não há dúvida que o conflito maior se encontra na esfera religiosa. No
contexto social, político, econômico e cultural torna-se muito mais viável as sanáveis
problemáticas no sistema religioso não.
No campo religioso tudo é
mais complicado, conturbado, contraditório e polêmico. As questões morais, seus
tabus, ausência de conhecimento científico, erros na exegese bíblica e
patologias eclesiásticas. Tudo isso causa heresias, cismas, perseguição,
tortura e morte.
Uma das práticas mais
abominável no sistema religioso é a diabólica hipocrisia! A causa advém de uma
vida falsa na religião e problemas psiquiátricos. Dai a enorme dificuldade para
plena comunhão, amizade sincera entre colegas, a paz e a felicidade para a alma
do religioso. Os conflitos da fé, divisões e separações religiosas são retratos
fiéis individuais de perturbados adeptos e líderes religiosos. Salvam alguns
com raríssimas exceções.
Complicado está ligado a
difícil maneira de ceder, admitir e de se reconciliar. Aqui o ego religioso é
idolátrico. É quase impossível a libertação desse pecado. São muito confusas as
negociações religiosas e a pacificação. É muito difícil a comunhão autêntica.
Conturbado está ligado às
alterações do pedantismo e da patologia eclesiástica que em tudo que ser citado
ou comentado, tanto para o bem quanto para o mal. O pseudo religioso vive o
culto a personalidade, a liturgia da imagem e o primeiro lugar no altar ou
palco. Tem a tara de aparecer. Sofre na alma a contusão da ditadura.
Contraditório está ligado
às trevas da ignorância. Não tem ortodoxia no pensar. Não tem identidade, não
tem conhecimento e não tem segurança. A confusão do religioso é mais deplorável
dentro do seu sistema, porque fora dele é um boçal.
Há crise na família, na
educação, no financeiro, crise sentimental, crise psicológica, crise no
esporte, e na religião é mais do que uma crise, é um conflito onde a
intolerância e o fanatismo são maiores do que em outras áreas. A radicalização
da crença é o fator da maior incompatibilidade. Dentro desse contexto não há reconciliação.
A luta pela destruição do inimigo é sem trégua. É pela doutrina religiosa que a
motiva instigar, provocar e confrontar os infiéis. Em nome de “Deus” e do
“livro sagrado”, faz de tudo pelo poder, pelo totalitarismo e pela danação dos
inimigos.
Afirma
o renomado pensador americano Dr. Roger L. Shinn, professor de Ética Social no
Seminário da União Teológica em Nova York: “As guerras religiosas tendem a ser
especialmente violentas. Quando as pessoas lutam por território em busca de
vantagens econômicas, eles chegam ao ponto em que a batalha não compensa o
custo e, assim, fazem concessões. Quando a causa é religião, a concessão e a
conciliação parecem ser males”.
A antiga lei judaica
declarava: “Não deves odiar teus familiares em teu coração. Censura teu
parente, mas não incorra em culpa por causa dele. Não deves vingar-te nem
abrigar rancor contra teu compatriota. Ama a teu próximo como a ti mesmo: Eu
sou o SENHOR [YAHWEH].” (Levítico 19,17, 18, Ta) O Fundador do cristianismo
declarou: “Mas, eu digo a vós, os que estais escutando: Continuai a amar os
vossos inimigos, a fazer o bem aos que vos odeiam,... e a vossa recompensa será
grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é benigno para com os ingratos
e os iníquos.” (Lucas 6:27, 35) Sob o cabeçalho “Ela Que Há de Ser Examinada”,
o Alcorão declara um princípio similar (surata 60:7, MMP): “É possível que Alá
faça surgir amizade entre ti e aqueles dentre eles que tu consideras como
inimigos. E Alá é Poderoso; e Alá é Perdoador, Misericordioso.”
Por uma humanidade de
paz, justiça, ecumênica e solidária, tenhamos em menta e atitudes dos três CCC: compaixão, contribuição e
confiança.
Compaixão pelas vítimas
da Elite Capitalista, os Senhores do Poder e dos falsos líderes religiosos. A
nossa contribuição sábia e profética em prol da libertação dessas vítimas e a
confiança no poder da verdade que vence!
Pe.
Inácio José do Vale
Professor
e conferencista
Sociólogo
em Ciência da Religião
Irmãozinho
da Fraternidade da Visitação de Charles de Foucauld
E-mail:
pe.inacio.jose@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário