quarta-feira, 6 de julho de 2016

A era conflituosa dos três "CCC"


Padre Inácio José do Vale 

Vivemos a era terrível dos três “CCC”: “complicado”, “conturbado”  e “contraditório” que gera uma profunda crise e uma perplexidade sem soluções. Vivemos o tempo do apagão intelectual e do terrorismo das ideologias estúpidas. Um capitalismo mortífero e uma Teologia da Prosperidade que faz triunfar em fortunas seus líderes religiosos. Vivemos a desconstrução do bom senso e do bem comum. Não há dúvida que o conflito maior se encontra na esfera religiosa. No contexto social, político, econômico e cultural torna-se muito mais viável as sanáveis  problemáticas no sistema religioso não.


No campo religioso tudo é mais complicado, conturbado, contraditório e polêmico. As questões morais, seus tabus, ausência de conhecimento científico, erros na exegese bíblica e patologias eclesiásticas. Tudo isso causa heresias, cismas, perseguição, tortura e morte.

Uma das práticas mais abominável no sistema religioso é a diabólica hipocrisia! A causa advém de uma vida falsa na religião e problemas psiquiátricos. Dai a enorme dificuldade para plena comunhão, amizade sincera entre colegas, a paz e a felicidade para a alma do religioso. Os conflitos da fé, divisões e separações religiosas são retratos fiéis individuais de perturbados adeptos e líderes religiosos. Salvam alguns com raríssimas exceções.

Complicado está ligado a difícil maneira de ceder, admitir e de se reconciliar. Aqui o ego religioso é idolátrico. É quase impossível a libertação desse pecado. São muito confusas as negociações religiosas e a pacificação. É muito difícil a comunhão autêntica.

Conturbado está ligado às alterações do pedantismo e da patologia eclesiástica que em tudo que ser citado ou comentado, tanto para o bem quanto para o mal. O pseudo religioso vive o culto a personalidade, a liturgia da imagem e o primeiro lugar no altar ou palco. Tem a tara de aparecer. Sofre na alma a contusão da ditadura.

Contraditório está ligado às trevas da ignorância. Não tem ortodoxia no pensar. Não tem identidade, não tem conhecimento e não tem segurança. A confusão do religioso é mais deplorável dentro do seu sistema, porque fora dele é um boçal.

Há crise na família, na educação, no financeiro, crise sentimental, crise psicológica, crise no esporte, e na religião é mais do que uma crise, é um conflito onde a intolerância e o fanatismo são maiores do que em outras áreas. A radicalização da crença é o fator da maior incompatibilidade. Dentro desse contexto não há reconciliação. A luta pela destruição do inimigo é sem trégua. É pela doutrina religiosa que a motiva instigar, provocar e confrontar os infiéis. Em nome de “Deus” e do “livro sagrado”, faz de tudo pelo poder, pelo totalitarismo e pela danação dos inimigos.

Afirma o renomado pensador americano Dr. Roger L. Shinn, professor de Ética Social no Seminário da União Teológica em Nova York: “As guerras religiosas tendem a ser especialmente violentas. Quando as pessoas lutam por território em busca de vantagens econômicas, eles chegam ao ponto em que a batalha não compensa o custo e, assim, fazem concessões. Quando a causa é religião, a concessão e a conciliação parecem ser males”.

A antiga lei judaica declarava: “Não deves odiar teus familiares em teu coração. Censura teu parente, mas não incorra em culpa por causa dele. Não deves vingar-te nem abrigar rancor contra teu compatriota. Ama a teu próximo como a ti mesmo: Eu sou o SENHOR [YAHWEH].” (Levítico 19,17, 18, Ta) O Fundador do cristianismo declarou: “Mas, eu digo a vós, os que estais escutando: Continuai a amar os vossos inimigos, a fazer o bem aos que vos odeiam,... e a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é benigno para com os ingratos e os iníquos.” (Lucas 6:27, 35) Sob o cabeçalho “Ela Que Há de Ser Examinada”, o Alcorão declara um princípio similar (surata 60:7, MMP): “É possível que Alá faça surgir amizade entre ti e aqueles dentre eles que tu consideras como inimigos. E Alá é Poderoso; e Alá é Perdoador, Misericordioso.”

Por uma humanidade de paz, justiça, ecumênica e solidária, tenhamos em menta e atitudes dos  três CCC: compaixão, contribuição e confiança.

Compaixão pelas vítimas da Elite Capitalista, os Senhores do Poder e dos falsos líderes religiosos. A nossa contribuição sábia e profética em prol da libertação dessas vítimas e a confiança no poder da verdade que vence!

Pe. Inácio José do Vale

Professor e conferencista

Sociólogo em Ciência da Religião

Irmãozinho da Fraternidade da Visitação de Charles de Foucauld







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